O Fronte do Desejo
A floresta ao sul da mansão era densa como um segredo antigo.
Cada árvore parecia observar, cada galho se curvava como reverência ou aviso.
Rafael caminhava ao meu lado, o manto vinho oscilando como uma extensão da própria presença.
— Você está certa disso? — ele perguntou, pela terceira vez.
— Não.
Mas o medo nunca foi meu guia.
— Seu coração pulsa como se soubesse o que está por vir.
— Meu coração aprendeu a bater mesmo em território de inimigos.
Ele sorriu, ainda que sem humor.
— Talvez seja por isso que eu o escute mesmo quando quero esquecê-lo.
Selyra despertava em mim a cada passo.
A floresta de Sorren era viva, mas era venenosa.
O cheiro das folhas era doce demais, as sombras… densas demais.
> “Estamos na boca do lobo.”
“Mas somos dente também.”
Chegamos a um círculo de pedras negras.
Ali, no centro, Sorren nos aguardava.
Vestia um traje cerimonial: calças de couro escuro, o peito nu, marcado com inscrições antigas.
No pescoço, uma pedra de âmbar pulsava.
— V