Prova de Sangue
O uivo que cortou a madrugada não era um aviso comum.
Era um lamento.
Selyra se agitou dentro de mim.
> “Alguém atravessou o véu.
Alguém que carrega a nossa marca… mas não nosso coração.”
Corri até a varanda da torre, e já podia ver as tochas sendo acesas na direção leste.
A neblina rastejava como dedos finos sobre o chão úmido.
E o cheiro…
ferroso.
Cru.
Familiar demais para ser esquecido.
— Mortos? — perguntei a Kael, que já esperava armado na porta.
— Dois sentinelas.
E um símbolo deixado sobre os corpos.
Me vesti em silêncio.
Couro justo, capa escura, lâmina presa à coxa.
Rafael chegou logo depois.
Marco já me esperava montado num dos lobos negros.
— Eles querem nos distrair — disse ele. — Isso é mais do que um ataque.
— É uma provocação.
**
Quando chegamos ao local, os corpos estavam dispostos em um padrão.
Não jogados.
Arranjados.
As mãos cruzadas sobre o peito.
As bocas costuradas com linha vermelha.
E em meio ao sangue seco, um símbolo antigo:
o olho do esquecim