🌒 Capítulo 39

Onde Nasce o Veneno

Acordei antes do sol.

O corpo ainda doía em lugares que palavras não alcançam.

Mas não era uma dor de arrependimento.

Era memória.

Era domínio.

Estava nua sob os lençóis escuros, e por um instante, desejei que o mundo lá fora tivesse desaparecido.

Mas Selyra sussurrou:

> “Levanta.

O sangue ainda não secou.

E o próximo virá com veneno na língua e prata nas mãos.”

Me ergui devagar, envolvi-me num manto vinho e caminhei até a varanda.

A floresta parecia imóvel.

Mas havia olhos entre as folhas.

Olhos que antes me reverenciavam.

E agora… me julgavam.

Desci até o salão principal.

Rafael me esperava junto à lareira, com as mãos cruzadas nas costas e o semblante pesado.

— Alguém entrou nos arquivos da câmara da Lua — disse ele sem me olhar. — E levou os registros das linhagens esquecidas.

— Quem?

— Ainda não sabemos. Mas quem o fez sabia exatamente o que queria.

— E por quê?

Ele se virou.

Os olhos verdes estavam mais escuros, como o mar antes da tempestade.

— Porque agora
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