A Noite em Que Três Corações Queimaram
Havia algo errado com o ar naquela noite.
Ele pesava.
Não de calor ou vento.
Mas de tensão.
Como se a própria mansão soubesse que algo estava prestes a acontecer…
e temesse.
Passei o dia entre reuniões do Conselho e caçadores nervosos com a presença de Lira.
Alguns diziam que ela era um sinal.
Outros, uma ameaça.
Poucos ousavam chamá-la de aliada.
Mas o que ninguém ousava dizer…
era que ela estava despertando algo em todos nós.
Inclusive em mim.
E principalmente em Marco e Rafael.
Ao cair da noite, vesti um robe preto, tecido leve como neblina, e fui até a biblioteca antiga.
Queria silêncio.
Queria espaço.
Mas encontrei Marco.
Sentado na poltrona, o rosto apoiado na mão, uma taça de vinho nas pontas dos dedos.
— Posso entrar? — perguntei.
— Você não precisa pedir nada nesta casa — ele respondeu, sem me olhar.
Sentei-me à frente dele.
O silêncio não era incômodo.
Era denso.
Profundo.
— Por que me evita? — perguntei por fim.
Ele bebeu o vinho lenta