A Outra Metade da Lua
O retorno Ă mansĂŁo foi silencioso.
A loba caminhava ao meu lado com a leveza de uma folha caĂda sobre o lago â e ainda assim, carregava nos olhos o peso de sĂ©culos adormecidos.
Ela nĂŁo falou nada, mas cada passo seu sussurrava:
âEstou viva. E vocĂȘ⊠nĂŁo estĂĄ mais sozinha.â
Mas estar acompanhada nĂŁo significava estar em paz.
Quando cruzamos os portÔes, Marco jå nos esperava no hall de entrada.
Rafael veio logo depois, emergindo das sombras, como se seu corpo fosse feito do mesmo tecido da noite.
Os olhos deles foram direto para ela.
E então⊠para mim.
â Quem Ă©? â Marco foi o primeiro a perguntar, a voz baixa, controlada.
â Uma irmĂŁ. De alma. De sangue.
De maldição â respondi.
Rafael se aproximou devagar, analisando a mulher que agora usava uma tĂșnica escura emprestada por mim.
Ela parecia estranhamente confortĂĄvel no mundo, mesmo depois de tanto tempo sob as raĂzes.
â Como ela despertou? â ele perguntou.
â Eu a chamei.
â Por quĂȘ?
â Porque ela era a prĂłxima.
Ou eu a