Aquilo que Queima e Restaura

A mansão parecia menor quando a vi de longe.

Não era por causa do tamanho.

Mas porque eu havia crescido por dentro.

Expandida.

Estendida.

Transformada.

A floresta não me libertou.

Ela me deu a chave para as correntes que eu mesma escolhia manter.

E eu as quebrei.

Uma a uma.

Meus passos eram firmes, mesmo descalça.

O vestido que usei na partida agora estava rasgado, mas não importava.

Eu trazia algo em mim mais valioso que qualquer tecido.

Selyra dormia sob minha pele, exausta.

Mas satisfeita.

Ela havia tomado tudo que precisava.

E deixado em mim uma mulher que o mundo ainda não conhecia.

Quando entrei na mansão, Rafael estava no salão, à frente da lareira.

O olhar dele me encontrou antes que qualquer palavra surgisse.

Ficamos em silêncio por um longo instante.

— Você está diferente — ele disse.

— Eu sou diferente.

Ele se aproximou.

O cheiro dele ainda era familiar: madeira, vinho, desejo contido.

Mas agora havia algo entre nós.

Como se nossos corpos se rec