A GuardiĂŁ da Lua Escarlate
A floresta ficou mais densa.
Mais viva.
Mais antiga.
As ĂĄrvores pareciam respirar.
O chão pulsava como se tivesse um coração.
E euâŠ
sentia que nĂŁo estava apenas entrando em um lugar.
Estava atravessando um limite sagrado.
O SantuĂĄrio da Origem nĂŁo era como imaginei.
NĂŁo havia templos.
Nem altares.
Nem sĂmbolos nas pedras.
Apenas um vazio circular entre årvores tão altas que tocavam o céu.
No centro, uma pedra achatada, coberta de musgo vermelho.
E ao redor, ossos.
Centenas deles.
Pequenos.
Finos.
Antigos.
Selyra se agitou dentro de mim.
â Estamos em casa? â sussurrei.
âEstamos de voltaâ, ela respondeu, em pensamento.
E entĂŁo, ela apareceu.
A Loba Primordial.
Surgiu das sombras entre as raĂzes como fumaça sĂłlida.
NĂŁo era uma loba comum.
Era imensa.
Com pelagem que mudava de cor a cada passo: do prateado ao negro, do vinho ao branco mais puro.
Seus olhosâŠ
eram como luas gĂȘmeas.
Sem pupilas.
Sem alma.
Sem piedade.
Ela se aproximou.
E mesmo sem boca, falou comig