A Sombra Entre os Dois Mundos
O uivo que cortou o céu não era apenas um som. Era uma ferida aberta no tecido do tempo. Era agonia, era chamada, era profecia.
Rafael se levantou antes mesmo que eu pudesse respirar fundo, os olhos verdes em chamas. Zahor estava à flor da pele. Eu o sentia reverberando no peito de Rafael como um trovão preso, prestes a se libertar.
— Esse som... — sussurrou ele, enquanto vestia a capa vermelha que o marcava como Supremo. — Não é de nenhum dos nossos. Não é lobo puro.
Meus pés já estavam se movendo antes que minha mente decidisse. Marco. Eu precisava encontrar Marco. Algo dentro de mim dizia que aquele uivo... aquele rasgo de dor e desespero... era dele.
Corremos juntos, Rafael e eu, como sombras cortando a floresta. As árvores pareciam se afastar para nos deixar passar, reconhecendo a urgência em nossos passos. O ar estava pesado, carregado de uma presença que não pertencia a este mundo.
Quando chegamos à clareira onde deixei Marco, ele não estava mais l