A Alma que Se Lembra
A floresta estava em silêncio.
Mas não era paz.
Era o tipo de silêncio que antecede os gritos.
Aquela pausa trêmula entre o toque da lâmina e o primeiro sangue.
Thoren preparava o círculo sagrado.
Pedras lunares foram enterradas nos quatro cantos da clareira.
Folhas de carvalho ancestral queimavam no centro.
E minha pele… já reconhecia a dor que viria.
— Está pronta? — ele perguntou, a voz grave como o solo.
— Nunca se está.
Mas eu vou.
Ele se aproximou com uma lâmina prateada, antiga e fina, marcada por runas que tremeluziam em dourado.
— O ritual exige sangue.
E vontade.
— Tenho os dois.
Deitei no centro do círculo.
Kael e Maelis assistiam à distância.
Ele evitava meus olhos.
Sabia o que aconteceria.
Sabia que, se eu me lembrasse de tudo… poderia não voltar a ser a mesma.
Thoren desenhou os símbolos antigos sobre minha pele nua com o sangue de um cervo prateado.
Quando tocou meu coração com a ponta da lâmina, algo dentro de mim… abriu.
E então, mergulhei.
Primei