As Portas da Verdade
O templo dos Supremos nĂŁo era de pedra.
Era feito de ossos.
Grandes colunas erguiam-se como costelas de um gigante esquecido.
A entrada era guardada por duas estĂĄtuas de lobos de olhos vazios.
E acima da porta, cravadas em runas de ouro envelhecido, as palavras:
> âSĂł os marcados pela lua e pela perda entram com a alma intacta.â
Minha alma jå estava em pedaços.
Perdi minha mãe, minha infùncia, Kael, e agora⊠minha irmã corria risco de morrer por minha causa.
Toquei a madeira negra da porta.
Ela se abriu sozinha.
E entrei.
O corredor era estreito, Ășmido, com fileiras de velas bruxuleantes, como se o fogo ali tambĂ©m tivesse medo de se acender por completo.
Selyra sussurrou em minha mente:
> âVocĂȘ estĂĄ dentro do ventre deles.
Eles vĂŁo querer moldar vocĂȘ⊠ou te abortar.â
Caminhei.
Até chegar ao primeiro salão.
Ali, uma mulher me esperava.
Alta, com véu dourado.
Roupas que deixavam os seios nus, o ventre pintado com tinta lunar.
â Eu sou a GuardiĂŁ do Desejo â disse ela