O Alfa das Sombras
A brisa da noite mudou.
Veio mais fria.
Carregada de um cheiro metĂĄlico, quase esquecido:
cheiro de sangue antigo.
Maelis sentiu primeiro.
Ergueu os olhos da ĂĄgua ritual com um arrepio.
â Algo se move na floresta.
Thoren estava de pé antes mesmo que ela terminasse a frase.
â Ă ele â disse com a voz baixa.
Rafael franziu o cenho.
â VocĂȘ tem certeza?
â Tenho.
Porque o medo voltou⊠e é dele.
Eu estava diante do espelho de ĂĄgua, sozinha, quando senti.
Um arrepio subiu pelas costas.
A marca sob minha costela queimou.
E Selyra, minha loba, uivou dentro de mim como se o prĂłprio passado rasgasse a garganta.
> âEle volta com o vazio nos olhos.
E com monstros nos bolsos.â
Na clareira da entrada, o mensageiro esperava.
Usava um capuz negro, o rosto coberto até o nariz.
Mas os olhosâŠ
Os olhos eram de um lobo quebrado.
Maelis, Rafael e Thoren se puseram ao meu lado.
Mas eu fui quem deu o primeiro passo.
â De onde vem? â perguntei.
Ele baixou o capuz.
O rosto era marcado por cica