A manhã nasceu fria em São Paulo.
Do lado de fora da editora, o céu ainda carregava o cinza das horas que antecedem a chuva.
No décimo segundo andar, o relógio marcava 8h47 quando Apolo entrou em sua sala, o paletó escuro impecável, mas o semblante cansado de quem não dormira direito.
Deixou a pasta sobre a mesa e passou os dedos pelos cabelos, tentando afastar o resto da noite que ainda o perseguia.
O som da mensagem que enviara para Luiza ecoava em sua cabeça — curto, impessoal, seco.
“Reunião amanhã às 9. Não tolero atrasos.”
Mas era mentira.
Ele toleraria qualquer coisa dela.
E isso o irritava profundamente.
O vidro refletia seu próprio rosto, sério, mas havia algo nos olhos — uma sombra de saudade e culpa que ele se recusava a admitir.
Desde o reencontro, o equilíbrio que tanto cultivara parecia ruir em silêncio.
Nada o incomodava mais do que perceber que Luiza ainda o desestabilizava com o simples fato de existir.
Uma batida discreta à porta o trouxe de volta.
Brenda entrou.
O s