As nuvens cobriam o céu do Vale de Paraitinga como um manto de chumbo, e o vento que descia da serra parecia hesitar antes de tocar o chão.
O antigo mosteiro, parcialmente engolido pela mata, era agora um ponto de contenção etérea — um lugar onde o tempo começara a escorregar pelas frestas da realidade.
Bárbara Lima ajustou o manto escuro do Conclave, o brasão rosa-âmbar gravado no ombro.
Arcanista do tipo sábia, era conhecida pela serenidade com que manipulava o Éter — uma calma que se refletia nos olhos amendoados e no tom disciplinado da voz.
Os cabelos cacheados emolduravam o rosto delicado, mas a postura firme denunciava uma precisão treinada.
Sua presença bastava para acalmar o ar, e até o Éter parecia se reorganizar em torno dela.
Pela experiência, ela sabia:
o silêncio ali não era natural.
Era o tipo de silêncio que escuta de volta.
Atrás dela, dois assistentes do Instituto Arcano de São Paulo preparavam os selos de estabilização, enterrando prismas de quartzo sob o solo úmido