O tempo não tinha cor.
Nem som.
Nem direção.
Yaskara existia — ou acreditava existir — dentro de uma vastidão translúcida, onde o passado e o futuro se dissolviam em ondas de luz dourada.
Via fragmentos de si flutuando ao redor: a voz de Eiran, o toque do vento, o eco distante de sinos.
Mas nada era fixo.
Tudo era lembrança tentando se lembrar de ser real.
"Quem... sou eu?"
A pergunta soou, e o espaço respondeu em vibrações suaves.
Luzes se agruparam, formando uma figura humana — calma, envolta em véus azulados.
Os olhos dela eram como espelhos cheios de eras.
— Ainda se lembra de mim? — perguntou Aetharion, com voz leve.
Yaskara piscou, tentando reconhecer a forma.
— A voz... é antiga.
— Porque vem de onde o tempo descansa.
A presença de Aetharion irradiava serenidade.
Ela se aproximou, observando as linhas de luz que saíam do corpo de Yaskara — fios dourados que atravessavam o vazio e desapareciam em todas as direções.
— Você se expandiu demais, — disse Aetharion. — Tornou-se o próp