O som do berimbau cortava o ar quente da manhã como um chamado ancestral.
Cada toque reverberava pelo pátio da Academia Arcana, guiando o ritmo dos alunos que treinavam descalços.
A arena de combate — ampla, aberta e cercada por colunas antigas — vibrava no compasso da ginga, onde o corpo e o Éter se tornavam um só.
Pedro Oliveira, os longos rastafáris presos em um rabo de cavalo, caminhava entre os alunos com o peito nu e o sorriso escancarado de quem transformava luta em celebração.
O sotaque arrastado e a voz grave ecoavam com energia contagiante, misto de mestre e trovão.
— Mais força, idiotas! — gritou, batendo palmas no ritmo do berimbau. — Vocês não estão brigando com fantasmas, estão brigando com o medo de morrer!
Um dos rapazes tentou uma esquiva mal calculada e caiu de joelhos.
Pedro soltou uma gargalhada sonora, vibrante, que ecoou por toda a arena.
— É isso! Sinta o chão! Aprenda com ele! — exclamou, batendo o pé ritmado no tatame. — O solo é seu primeiro inimigo e seu pri