O quarto estava mergulhado em penumbra; o único som era a respiração ritmada de Yaskara, suave, repousando contra o peito dele.
Voss olhava o teto, os dedos brincando distraidamente com uma mecha solta do cabelo dela. A paz que sentia naquele instante era rara — quase incômoda em sua pureza.
Mas a mente dele não sabia repousar.
Cada lembrança recente se sobrepunha à anterior, como peças de um quebra-cabeça que finalmente começava a se encaixar.
Yaskara Bohr.
Uma estrangeira que falava português sem sotaque algum.
Desde o primeiro dia, isso o intrigara — ele até brincara sobre o “dom natural” dela para idiomas.
Mas agora, deitado ali, o pensamento o atingiu como uma lâmina fria.
"De todos os idiomas do mundo… por que português?"
Não era coincidência.
Nada nela era.
A lembrança da diferença de idade atravessou sua mente.
"Cinco anos."
Ela era cinco anos mais nova.
O cálculo se formou sozinho — rápido, incômodo, inevitável.
"Então… eles planejaram isso desde o nascimento dela?"
Ele franz