CAPÍTULO 11 – Narrativa da Lavínia
Era como se cada dia que passava ele cavasse mais distância entre nós. O homem sério, protetor, dono de um olhar que um dia me fez tremer, agora parecia ter virado um estranho. RB estava se afogando em mulheres. Quando não era a Mirtes se esfregando nele pela casa, era alguma vadia da boca que chegava pela madrugada, deixando seu corpo impregnado com perfume barato e o hálito de bebida forte.
Ele achava que eu não via, mas eu via tudo. Fingir que não escutava os gemidos abafados, que não percebia os lençóis trocados, que não ouvia o chuveiro ligado por mais de meia hora às três da manhã... Era como se cada transa fosse um tapa na minha cara. Ele queria me ferir. E conseguia.
Mirtes aproveitava. Se vestia como uma piranha de luxo, rebolava até pra pegar um copo d’água. E RB? Deixava. Cedia. Fazia questão de agarrá-la no corredor, na cozinha, até na sala, na frente de mim. Eu fingia não me importar, mas por dentro, o sangue fervia. A raiva e o desej