O entardecer em Milão tingia o céu de cobre e violeta.
As ruas, vivas e elegantes, refletiam nas vitrines o frenesi da cidade que nunca desacelerava.
No alto de um edifício de vidro e mármore, o ateliê de Chiara Moretti brilhava como um santuário da moda — amplo, moderno, adornado por flores exóticas e pelo perfume inebriante de tecidos recém-cortados.
Era o império que ela mesma erguera — com talento, disciplina e ego. Luciano Moretti estacionou discretamente o carro diante do edifício e subiu pelo elevador panorâmico.
O espelho refletia seu semblante austero, cansado. Ele sabia que a conversa que prestes estava longe de ser agradável, mas era inevitável. Desde a última reunião com Enrico, pai de Luchero, não tivera um único instante de paz.
A verdade lhe queimava no peito: sua filha estava destruindo, com as próprias mãos, a reputação que levara anos para construir. Quando as portas se abriram, um som cristalino o fez deter o passo