NARRAÇÃO DE MATIAS LOPES...
Agora, a vingança tem nome e sobrenome.
Ela não deveria ter feito o que fez. Não deveria ter desprezado Lara, nem se imposto na vida de Petrina. Não deveria — jamais — ter separado Miguel e Petrina. Emma errou ao me fazer sentir raiva, ao me silenciar por tantos anos. Mas falhou de forma ainda mais cruel ao ferir sua própria filha... e cometer o pior dos pecados: atirar no homem que sua filha tanto amou e venerou.
Emma sempre me enxergou como um nada. Um simples segurança, alguém que deveria abaixar a cabeça e obedecer. E eu obedeci. Suportei seu olhar de desprezo. Engoli a humilhação calado.
Mas agora, ela vai entender. Vai ver que não sou qualquer um. Que nas minhas veias já não corre sangue — corre ódio. Ódio pelo que ela fez.
Saí daquele hospital frio, estéril de perdão. Eu era apenas uma sombra, um morto-vivo alimentado por raiva. As manchas do sangue de Miguel ainda estavam na minha roupa. E cada gota correspondia ao desejo infame que me consumia: vê-