Estava com a mala quase pronta quando ouvi batidas na porta. Não precisava nem olhar pra saber quem era. Suspirei fundo, como quem se arma por dentro, e fui abrir.
Zeca estava parado ali, com o chapéu na mão e um olhar mais baixo do que eu não estava acostumada a ver nele.
— Posso entrar?
Assenti, dando espaço, mas mantendo uma distância segura. Ele caminhou devagar até o centro da sala, sem me encarar de imediato. Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ele respirou fundo, como se estivesse carregando algo muito pesado há tempo demais.
— Eu sou ruim com essas coisas… falar. Mas eu precisava vir.
Me encostei na beirada da mesa, braços cruzados, esperando.
— Uns anos atrás — ele começou —, veio uma moça pra cá. Visitando uns parentes. Bonita, diferente, da cidade. Eu e o Lucas éramos dois idiotas brigando pra ver quem chamava mais a atenção dela. E chamamos. Ela ficou com os dois, em momentos diferentes. A gente acabou discutindo feio. Irmãos brigando por causa de mulher. Foi