O céu amanheceu denso, de um cinza que pesava sobre os telhados. O ar estava parado, e até os pássaros pareciam ter recuado para dentro das árvores. Isabella acordou com o som das janelas batendo, e um arrepio percorreu seu corpo antes mesmo de abrir os olhos.
Lá fora, os cavalos relinchavam inquietos. O vento começava a soprar com força, carregando o cheiro úmido de chuva e terra molhada. Seu Anselmo já estava na varanda, o chapéu amassado nas mãos e o olhar fixo no horizonte, onde as nuvens se juntavam como exércitos antes da guerra.
— Vem temporal. — murmurou, sem desviar o olhar — Daqueles que não pedem licença pra entrar.
Isabella ajeitou o casaco, tentando esconder o nervosismo.
— A gente precisa proteger o celeiro, vô. Se o vento virar, as telhas vão voar de novo.
Antes que ele respondesse, Rafael surgiu pela lateral da casa, com a camisa aberta no peito e o rosto suado — provavelmente vindo dos currais. Os olhos dos dois se encontraram, e o tempo pareceu hesitar. Fazia dias qu