Os dias seguintes à tempestade trouxeram uma calma quase estranha. O ar da fazenda cheirava a grama úmida e terra viva, e os animais pareciam mais tranquilos, como se a natureza tivesse descansado depois de uma longa briga. Rafael acordava antes do sol, o corpo cansado mas o espírito leve de um jeito que há muito não sentia.
Havia algo diferente no som da manhã — nos passos de Isabella, no cantar dos galos, no farfalhar das folhas. Tudo parecia... afinado. Ele passou a manhã no curral, o suor escorrendo pelo pescoço enquanto trocava as cercas danificadas pela ventania. Mas, por mais que o corpo trabalhasse, a mente insistia em voltar para o mesmo lugar: a imagem dela, com o rosto molhado de chuva e os olhos cheios de coragem.
Quando o dia começou a declinar, Rafael se sentou no alpendre com o violão no colo.
Fazia semanas que não tocava com o coração aberto — sempre por costume, nunca por entrega. Mas agora, as notas vinham sozinhas, como se tivessem esperado aquele momento para nasce