Libertando-se de um Amor Quebrado
Libertando-se de um Amor Quebrado
Por: Cherryblossom
Capítulo 1
Honestamente, no momento em que vi Maria, soube que havia algo errado.

Ela estava vestida como se fosse o centro das atenções: vestido de noite justo e brilhante, salto alto demais para andar, decote à mostra, lábios vermelho-cereja.

Quem se veste assim para uma reunião de família?

Parecia mais a anfitriã do que a empregada.

E eu? Eu estava de jeans, tênis e uma camiseta folgada, arrastando uma mala pesada cheia das bonecas favoritas da Dora e das coisinhas cor-de-rosa que ela costumava amar.

Naquele momento, eu já nem sabia quem parecia mais a empregada: eu ou ela.

Eu não queria mais ir. Não daquele jeito.

Mas afastei o pensamento para longe. Disse a mim mesma que aquilo era sobre a Dora. Apenas sobre a Dora.

Então, quando vi Luca entrando no SUV, pronto para sair sem mim, eu surtei.

Corri até lá e puxei a porta antes mesmo que ele ligasse o motor.

— Não, eu quero ir com vocês. — Falei, já com metade do corpo dentro do carro.

Luca olhou para mim, pego de surpresa, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Dora, que estava sentada no colo de Maria no banco do passageiro, caiu em lágrimas.

— Não! Eu não quero ir com ela! — Gritou, seus bracinhos se agarrando ao pescoço de Maria como se fosse um salva-vidas.

Maria começou a dar tapinhas de leve em suas costas, sussurrando algo para acalmá-la, e então me lançou aquele sorriso doce… falso pra caramba.

— Senhora Moretti. — Disse suavemente, como se estivesse me fazendo um favor. — Que tal assim? A senhora pode ir com eles, e eu fico aqui esperando com Dora. Ou, se preferir...

— Não. — Luca a interrompeu, com a voz afiada. — De jeito nenhum.

Ele se virou para mim, o rosto rígido, a mandíbula cerrada. Aquele vinco entre as sobrancelhas, esse era o sinal. Ele não estava só irritado. Estava furioso.

— Catrina. — Disse naquela voz baixa e fria. — Seja uma boa mãe. Eu já disse que não vou demorar. Mas se está com tanta pressa, pode muito bem pegar o trem.

Eu o encarei.

— Mesmo no trem mais rápido, são cinco horas.

Ele não respondeu. Apenas voltou a olhar para o volante como se a conversa tivesse acabado.

Fiquei ali por um segundo, atônita.

Então, sem dizer nada, puxei minha mala de volta para fora do SUV, arrastando-a pelo cascalho como se pesasse uma tonelada. Provavelmente porque pesava mesmo.

Afastei-me e fiquei parada, observando o carro começar a se afastar.

Dora virou o rostinho para o outro lado da janela para não me ver.

E Maria? Ela sorriu para mim. Sorriu e ainda acenou, com aquele olharzinho presunçoso que fez meu sangue ferver.

Luca não me olhou nem uma vez. Mantinha os olhos na estrada, o perfil frio e distante como sempre.

Por um momento, fiquei ali, parada, olhando para minha mão. A mesma que ainda usava o anel de noivado que ele me deu tantos anos atrás. Eu nunca tinha tirado. Nunca. Mas, naquele instante… tive vontade de arrancá-lo e atirá-lo na entrada da casa.

Não fiz isso.

Em vez disso, respirei fundo e voltei para dentro da casa — vazia, abafada e silenciosa.

Me joguei no sofá, peguei o celular e comecei a rolar pelo Instagram só para me distrair.

Foi aí que vi.

Um story. Postado por Maria, há um minuto.

Luca no volante. Aquela mesma mandíbula marcada, óculos escuros, parecendo modelo de revista.

Alguém já tinha comentado: [Maria, esse é o seu namorado?]

Eu ri, irônica. Melhor ela não responder isso, pensei.

Mas, um segundo depois, ela respondeu.

Um emoji corado.

Só isso.

Que. Droga.

Meu peito apertou como se tivesse levado um soco. Senti que não conseguia respirar.

Esse verão não era para ser tão quente, mas naquele instante eu estava queimando por dentro.

Joguei o celular na mesa, marchei até o ar-condicionado e apertei o botão.

Nada.

A energia tinha acabado.

Olhei ao redor da casa sufocante e silenciosa e murmurei para mim mesma:

— Ótimo. Sem ar-condicionado. Sem luz. Sem marido. Sem filha.

E sem a menor ideia de quanto tempo eu ia ficar presa nessa casa.
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