Baby Ortiz. Meus olhos se abriram com dificuldade. Senti meu corpo arrepiar conforme o ar-condicionado invadia os poros da minha pele, fazendo-me tremer. O teto do carro foi tudo o que eu consegui enxergar, conforme a tontura passava.Branco, teto, branco, maçanetas, vozes, mais branco...— Finalmente acordou, bonequinha... – Ele disse, rompendo o assombro da ópera tocando ao fundo.Desde que ele apareceu na minha vida, eu passei a odiar esse tipo de música. Sempre que eu as escutava, sentia que era uma garotinha assustada novamente. Tudo que eu me lembrava era de que me sentava num corredor de hospital e me escondia dele embaixo de alguma maca. Para não dizer às vezes em que a música começava a tocar pouco antes que meu quarto fosse invadido, da roupa a deslizar pelos meus ombros magros, e de como eu tinha que fechar os olhos para não enxergar a sujeira da minha própria exibição.Eu me esquivei, sentando-me ao arrastar o corpo para cima quando o senti deslizando a mão pela fenda do
Baby Ortiz Abri os meus olhos quando uma chuva intensa me atingiu, inundando o lugar onde estivera escondida sabe-se lá por quanto tempo. Me levantei apressada, sentindo cada músculo do meu corpo doer. Sem conseguir sair, e com a fraqueza a me dominar, eu despenquei junto com o tonel azul e a água que estivera se acumulando, possivelmente ao longo das horas.Confusa, eu tateei no chão até que estivesse com as pernas livres. Sabia que o chão estava confortável na minha situação, mas ainda assim, me recusei a permanecer ali, sozinha e tão exposta. Por isso, me levantei, ainda que tenha demorado quase três minutos para que realmente conseguisse ficar de pé. Meus passos foram lentos no início, o que me fez perceber por quanto tempo eu teria que andar. Foi angustiante e desesperador dar cada passo, mas eu mantive em minha mente que a cada vez que me esforçava, ficava mais perto dele. Com esse pensamento, deixei que a minha mente me levasse diretamente para o Dominic. Eu ainda estava tão m
Dominic Lexington Eu a alcancei antes que caísse no chão. O estado deplorável da minha Baby me fez sentir um desgraçado assim que a vi. Eu não sabia a extensão do dano que havia causado na garota, para que ela fugisse de mim daquela maneira, e acabasse em um estado como em que chegou, mas, se servia de algum atenuante, a culpa me atingiu certeira, pouco demais que ela correu de mim.Me virei para o soldado um pouco atrás. Eu ainda estava com a minha garota nos braços quando o encarei. – Não devia tê-la deixado andar. – Eu sabia que havia ressalvas quanto a tocar nela, mas isso era uma situação extrema, porra.— Eu a peguei, senhor! – O soldado abaixou a cabeça logo em seguida, e um olhar severo o atingiu.Odeio mentiras...Mas como se soubesse exatamente o que eu estava pensando, a amiga da minha mulher resolveu abrir sua boca. Ela parecia ter se esquecido de que tinha medo de mim a algum tempo.— Ele diz a verdade. – Eu voltei minha atenção para Ava. Eu nem ao menos tinha notado que
Dominic Lexington O fato de a baby ter me aceitado em um abraço me pareceu uma surpresa, mas quando ela se deixou dormir em meio ao meu abraço, sem qualquer tipo de resistência, eu soube imediatamente que algo estava muito errado com a garota. Ela era meiga, mas difícil, e a falta de qualquer discussão ou vingança me deixou em alerta.Eu ainda estava tentando compreender toda a crise envolvendo agulhas. Baby nunca me disse nada sobre medo de algo do tipo, e a minha mente não conseguia evitar buscar os porquês. Por isso, assim que ela caiu em um sono profundo, envolvida pelo cansaço da noite longa, e por ter andado até aqui, eu a coloquei em um travesseiro confortável. Acho que me perdi alguns minutos entre pensamentos e olhar a minha mulher dormindo com todos aqueles machucados. Soube naquele instante que ela não seria a minha perdição, ela já havia se tornado, porra. E eu nem mesmo sabia quando aquilo aconteceu. Quando eu me envolvi ao ponto de imaginar que a minha vida sem ela seri
Baby Ortiz.Meus olhos ainda pareciam pesar algumas toneladas quando os abri. Eu não conseguia acreditar na visão bem diante deles, então, uma súbita necessidade de tocar a pessoa ao meu lado fez com que eu esticasse o braço a fim de verificar se era mesmo a realidade. Poderia muito bem ser uma miragem, afinal, o Dominic sempre fez questão de que eu nunca o visse dormir na minha cama. Aquele homem sempre entrava no meu quarto a noite e cuidava dos meus pesadelos, e então, antes que eu pudesse acordar a seu lado, ele tinha desaparecido. O gesto sempre me deixou na dúvida se era um sonho ou se realmente acontecera. Até agora.Minhas mãos o acariciaram, e senti como se faíscas de fogo beliscassem meus dedos. Eu ainda estava tão brava com ele. Magoada. Meus olhos brilharam de raiva, muito embora eu não tenha deixado que ele soubesse o quanto o estava odiando naquele momento.Eu sei... Era errado culpá-lo por tudo que aconteceu, no entanto, não havia forma de me convencer que Dominic não f
DOMINIC LEXINGTON. Eu perdi a porra do controle de novo. Sabia disso. Não consegui dormir depois de tudo que fora despejado em mim, porque eu realmente a forcei a me contar. Ódio me tomou por inteiro depois disso. Impaciente, caminhei de um lado para o outro como um animal enjaulado dentro do maldito cômodo destruído.Eu deveria viajar até lá e buscá-lo pessoalmente. Eu deveria torturá-lo até perder o controle sobre quem eu era ou o quão racional eu já fui um dia. Mas isso não estava tão longe da realidade, estava? Eu estava andando de um lado para o outro como a merda de um touro bravo preso em um lugar confinado. Eu me sentia exatamente dessa mesma forma. Sufocado, era uma palavra perfeita para definir meu sentimento, mas definitivamente não era competente o bastante para resumir tudo o que eu sentia.Esfreguei o rosto com as duas mãos, e tinha certeza de que já estava vermelho de todas as outras vezes em que eu fiz exatamente o mesmo, com força o bastante para doer.Meu celular to
*Dominic Lexington- Dois anos antes...*Olhei a foto da noiva selecionada para mim desde que ainda era uma criança. Aquilo me pareceu errado na época, mas ainda não era como se eu fosse o dono das minhas próprias decisões.Assumimos a Cosa nostra quando nossos pais foram assassinados em uma maldita emboscada da Dea. Ainda estávamos irritados com o que acontecera, mas contratos haviam sido formados, e casamentos deveriam acontecer.Cesare casara-se anos antes, sendo o mais novo a se amarrar num compromisso para assumir o cargo que antes pertencia a nosso pai. Ele nunca falhou em nada em sua vida, e ter filhos cedo era a prova cabal disso.Parado no altar, admirei a foto estampada no meu celular. A garota pequena e franzina que via em sua adolescência agora havia se tornado uma linda mulher. Tanto, que nos últimos meses, viajei para a Venezuela e a vigiei de perto.Como fora ordenado, ela era comportada e recatada. Quase não deixava a casa, ou participava das festas como sua irmã mais v
Baby Ortiz.Meus olhos estavam muito pesados quando os abri durante a manhã. Havia algo gelado pressionado a minha testa, e eu sentia meu corpo inteiro pegar fogo. Não de um jeito bom. Não como o Dominic costumava me fazer sentir quando estava dentro de mim. Parecia-me algo mais torturante. Antes de hoje, nunca havia estado doente na vida, até porque eu não poderia. Esse com certeza seria um pesadelo para mim e para a minha família.— Porra, não está descendo... – O ouvi resmungar.Aquilo me fez recuar na cama, sentando-me ao sentir que estava segura o bastante para amparar as costas contra a cabeceira. Eu nem mesmo olhei para ele, porque simplesmente não podia. Ainda não havia me decidido se contar tudo o que havia dito fez com que sentisse nojo de mim mesma, ou raiva por ele ter me obrigado a voltar ao passado— O que você está fazendo aqui? – Olhei para os lados. Estava tão confusa. Esfreguei os meus olhos quando notei que ainda estavam muito pesados. – Que horas são?— Meio-dia, a