Baby Cavalieri
A porta do quarto se abriu com um empurrão leve. Só Dominic conseguia entrar em silêncio em um ambiente que já era caos.
— Boa tarde — disse ele, seco. — Vejo que está viva. E com audiência.
— E vejo que você ainda está com cara de quem fumou o próprio terno. — Ava não perdeu tempo.
— Ava — ele respondeu, com uma inclinação mínima de cabeça. — Continue. Você enfeita a sala. Como um quadro da Galeria Ucraniana: confuso, caro demais e irritantemente presente.
Ela fez uma careta e sussurrou para mim:
— Ele me ama. É assim que ele demonstra.
Eu não respondi. Só fiquei olhando Dominic, que caminhou até o controle remoto e desligou a televisão sem aviso.
— Não quero ouvir a voz daquela parasita. Já ouvi o suficiente nos bastidores para saber que estou prestes a pagar o preço da sanidade coletiva.
— Você que colocou ela lá, não foi? — perguntei. Minha voz saiu mais baixa do que eu queria, mas carregada de veneno.
Ele olhou para mim. Os olhos escuros, exaustos. Mas sinceros.
—