Baby Cavalieri
O soro pingava devagar, como se estivesse de sacanagem comigo. A cama era desconfortável, a camisola hospitalar tinha cheiro de coisa morta e o teto estava rachado em três pontos, e eu sabia porque já tinha contado. Três. Talvez quatro, se eu forçar a vista.
O quê? Não tinha nada para fazer nesse inferno!
E Ava, sentada ao lado da minha cama, estava comendo um pacote de Doritos com tanta vontade que eu quase tive uma contração só de ouvir o barulho da mastigação.
— Ava, pelo amor de Deus. Parece que está mastigando cascalho.
— E você parece uma velha doente reclamando de tudo. Ai, que enjoo, aí, que cama dura, aí, que amiga crocante... quer um? — estendeu o pacote pra mim com um sorriso idiota.
— Quero, sim, para enfiar no seu nariz.
— Você diz isso agora, mas daqui a pouco vai estar chorando porque quer o restinho do meu refrigerante e dizendo que a água daqui tem gosto de suor.
— A água tem gosto de suor, Ava. Suor de enfermeira com cigarro.
Ela gargalhou. Eu ri també