Aquela palavra não era estranha para Zara.
Antes, quando ainda morava na Brisa do Mar, sempre que Orson precisava de algo, ele enviava exatamente aquela mesma palavra: venha.
Agora, enquanto encarava a mensagem no celular, algo inexplicável apertou seu peito, e seus olhos começaram a arder. Ela ficou ali, olhando fixamente para a tela, até que o toque do telefone sacudiu seus pensamentos. Era Paulinho, o motorista:
— Senhora, estou aqui na Avenida Julius. O carro não consegue entrar na viela. Pode sair até aqui, por favor?
Zara apertou os lábios, sem responder de imediato.
— Senhora? — Paulinho insistiu.
— Já estou indo.
Zara finalmente respondeu, levantando-se para trocar de roupa antes de sair.
— Senhora! — Paulinho a cumprimentou assim que a viu.
Ele estava com um carro diferente daquela vez. Um Porsche Panamera prateado que, naquelas ruas apertadas e escuras do bairro, chamava atenção como um peixe fora d'água.
Enquanto Zara entrava no carro, notou sua vizinha de cabelos amarelos.