Então, no final das contas, Zara acabou aceitando a proposta de Emory. Natália ficou eufórica com a ideia e, enquanto arrumava a mala, fez questão de colocar sua pá de brinquedo, dizendo que construiria um castelo de areia para Zara na praia. Zara sorriu diante da empolgação da filha e ajudou a encaixar os itens na mala da melhor forma possível. Melissa só soube da viagem depois e, como era de se esperar, apoiou a ideia com entusiasmo. Não apenas isso, ela ainda mandou um pacote para o hotel, dizendo que Zara deveria pegá-lo assim que chegasse. Melissa foi misteriosa ao falar sobre o conteúdo, o que deixou Zara com uma sensação estranha. Quando finalmente pegou o pacote na recepção do hotel, quase o jogou no chão de tão surpresa. Naquele momento, Emory estava cuidando do check-in, enquanto Zara segurava a mão de Natália e observava o enorme aquário no saguão do hotel. Quando Emory voltou com os cartões dos quartos e o pacote rosa em mãos, Zara achou a situação estranha. —
— Zara! A voz animada veio de trás, justamente quando Zara havia acabado de levar Natália para a beira da praia. O homem vestia apenas um calção de banho e trazia um par de óculos escuros sobre o nariz. Sua altura e o tom de pele chamativo atraíam olhares de todos ao redor. Mas ele parecia estar acostumado com isso. Caminhou até Zara com um sorriso no rosto e disse: — Que coincidência! A propósito, onde está o seu namorado? Zara apertou os lábios por um instante antes de responder: — Sr. Erwin, há quanto tempo. — Pois é, faz um bom tempo. — Respondeu ele, enquanto tirava os óculos escuros e examinava-a de cima a baixo. Ao notar o maiô conservador que Zara usava, ele fez um som de reprovação com a língua antes de comentar: — Por que não vestiu aquele outro que estava segurando antes? Ou será que é só para momentos íntimos com o seu namorado? As palavras dele eram claramente ofensivas. Zara sabia que ele não tinha a intenção de flertar com ela. Na verdade, Erwin nun
— Nós comemos qualquer coisa. — Respondeu Zara, sentando-se ao lado de Natália. — Se você tiver algo para fazer, pode ir. Nós nos viramos. — Já disse que estou de férias. Como eu poderia me preocupar só com trabalho? Emory respondeu com um sorriso, mas, antes que pudesse continuar, a voz de Erwin interrompeu a conversa: — Zara, posso te atrapalhar um instante? Assim que ouviu a voz, Emory virou a cabeça imediatamente. Erwin, no entanto, nem sequer olhou para ele. Caminhou diretamente até Zara e estendeu o celular para ela. — Não consigo usar esse aplicativo direito. Não sei como enviar a localização. Zara olhou para a tela do celular dele e viu que era uma conversa entre ele e Orson. Os dois haviam acabado de se falar, e Erwin queria que ela enviasse a localização diretamente para Orson. Embora Erwin vivesse no exterior e pudesse realmente não estar acostumado com os aplicativos locais, Zara sabia que ele estava apenas tentando provocá-la. Com a inteligência dele, era
— Aquele cara de agora era amigo do Orson, não era? — Perguntou Emory depois que Erwin foi embora. Zara continuava concentrada no castelo de areia que estava construindo. Ela respondeu com um som baixo: — Era. — Então, o Lyon que ele mencionou também é o Orson? — Deve ser. — Respondeu Zara, sem levantar a cabeça. Emory ficou em silêncio por alguns instantes. Foi só então que Zara percebeu o clima estranho e levantou os olhos para ele. — Eu não sei por que ele está aqui. — Explicou ela, com um tom quase defensivo. A explicação dela soava frágil, mas Emory, depois de encará-la por alguns segundos, esboçou um sorriso e acenou com a cabeça. — Eu acredito em você. O sorriso dele parecia um tanto enigmático para Zara, mas ela escolheu não prolongar o assunto. Apenas abaixou os olhos novamente. — Que tal jantarmos frutos do mar esta noite? Vi que tem um restaurante bom aqui perto. — Sugeriu Emory. Zara concordou com um aceno de cabeça. — Pode ser. Talvez pela presenç
Ele pensava que, enquanto ela estivesse por perto, isso bastava. Por isso, Emory logo sorriu e disse: — Não tem problema. Na verdade, estar com vocês já me deixa muito feliz, de verdade. Zara arqueou levemente as sobrancelhas, mas não respondeu. — E você não precisa se forçar a nada. — Continuou Emory. — Podemos ir com calma. Podemos ser só amigos, não tem problema algum. Zara o encarou por alguns instantes antes de, finalmente, acenar com a cabeça em concordância. Emory não conseguiu evitar e, num gesto espontâneo, passou a mão pelos cabelos dela. Depois, sorrindo, disse: — Então, vou para o meu quarto agora. — Certo. Descanse cedo. — Respondeu Zara, também sorrindo, antes de fechar a porta do quarto. Emory deu alguns passos pelo corredor, mas, de repente, teve uma estranha sensação. Ele parou, franziu os olhos e lentamente virou a cabeça. Na outra extremidade do corredor, uma porta estava aberta. Orson estava parado ali, sem expressão, observando-o. Havia um cigar
Foi só então que Zara se lembrou e perguntou: — Que assunto é esse? — É que... Você pode vir comigo por um minuto? — Respondeu a mulher, com as bochechas levemente vermelhas, como se estivesse constrangida. Zara parecia já suspeitar de algo e perguntou: — Você precisa que eu vá comprar um absorvente para você? Ou chame algum funcionário para ajudar? — Não, não, não precisa. — Disse a mulher, balançando a cabeça rapidamente. — Não é isso que você está pensando. Mas... Por favor, só venha comigo? Preciso muito da sua ajuda. Enquanto falava, a mulher estendeu a mão e puxou Zara pelo braço. A princípio, Zara pensou em se soltar, mas o olhar quase desesperado de quem parecia estar prestes a chorar a fez hesitar. Além disso, Zara imaginou que a mulher talvez não conhecesse mais ninguém por ali. No final, ela decidiu seguir atrás dela. — Para onde você está me levando? — Perguntou Zara, finalmente percebendo algo estranho quando se aproximavam do hotel. — Só quero que você v
— E você… — Zara mal havia começado a falar quando Erwin soltou uma risada curta. Então, ele deu dois passos para trás e, de repente, fechou a porta com força. O movimento foi tão rápido que Zara não teve tempo de reagir. Quando ela se deu conta, a porta já estava trancada por Erwin do lado de fora. Zara mudou completamente a expressão. Ela agarrou a maçaneta e tentou abri-la com força. — O que você está fazendo? Abra essa porta agora! — O remédio para febre está aí dentro. — Respondeu Erwin com calma do lado de fora. — O médico já veio e disse que, assim que ele tomar o remédio, vai melhorar. O resto… Você resolve. Depois de dizer isso, Erwin ficou em silêncio. Zara ficou paralisada por um momento, antes de começar a bater na porta com força. — Abra essa porta agora! Seu louco! Ele está doente! O que isso tem a ver comigo? A voz de Zara soava afiada, cheia de raiva. Mas, do outro lado, nenhum som veio em resposta. Ela desistiu de gritar e voltou para dentro do quarto
Zara não quis dar qualquer explicação. Ela simplesmente estendeu o remédio e o copo de água para Orson. — Toma. Seu rosto estava sombrio, e sua voz soava fria e ríspida. Orson ficou alguns segundos olhando para ela, mas, no fim, pegou o remédio e a água como um cão obediente. A água no copo havia sido servida às pressas. Zara sabia que estava fria só de tocar na lateral do copo. Orson também percebeu, mas não disse nada. Ele tomou o remédio com aquela água gelada sem reclamar. — Deita e dorme. — Ordenou Zara, sem paciência. Orson, no entanto, continuou olhando para ela. — Você vai embora? Zara não sabia se ele estava delirando ou consciente, mas, ao ouvir a pergunta, ela riu, um tanto irônica. — Seu grande amigo trancou a porta e confiscou meu celular. Como você acha que eu vou embora? Pulando pela janela? Ela disparou as palavras com sarcasmo, enquanto Orson, sentado na cama, franzia a testa, tentando entender o que ela dizia. Ele parecia estar processando a info