Então, Orson começou a caminhar em direção a eles, com o punho erguido, pronto para agir. Mas, no instante seguinte, sua mão parou no ar, completamente imóvel. Não foi porque ele havia desistido de agir, mas porque Zara se colocou na frente de Emory, bloqueando o caminho. Ela estava ali, parada, olhando diretamente para ele. O olhar frio e firme dela fez Orson recuar, trazendo uma inesperada onda de calma. Ele a encarou, mas seus olhos estavam cheios de confusão e descrença. — Saia daqui. — Disse Zara, com a voz firme. — Orson, eu cortei o cabelo ou fiz qualquer outra coisa, e nada disso tem a ver com você. Se você não sair agora, eu vou chamar a polícia. Aqui é um hotel. Se você quer causar um escândalo, pode tentar. Orson não respondeu. Apenas permaneceu em silêncio, olhando para ela. Aos poucos, a mão que ainda estava suspensa no ar começou a descer lentamente. Ele desviou o olhar para Emory, que o encarava com a testa franzida, mas em silêncio. Orson soltou uma risa
Ela parecia ocupada, então Emory não disse nada, apenas assentiu com a cabeça. Zara se virou e abriu a porta do quarto. Natália ainda estava dormindo. Seu rosto parecia calmo e sereno, claramente não tinha sido incomodada pelos barulhos do lado de fora. Zara se ajoelhou ao lado da cama e, com cuidado, ajeitou o cobertor sobre a menina. Depois disso, saiu do quarto novamente. A recepção já tinha mandado o kit de primeiros socorros, e Emory estava sentado no sofá próximo. Ele havia aberto a caixa, mas ainda não tinha usado nada. Zara se aproximou rapidamente, abriu o pacote de gelo e o entregou a Emory. — Obrigado. — Disse ele, com um leve sorriso. Zara, no entanto, mordeu os lábios antes de dizer: — Desculpa. Hoje... Eu acabei te envolvendo nisso. — Envolvendo? — Emory pareceu surpreso. Logo em seguida, riu. — Do que você está falando? Isso não tem nada a ver com me envolver. — Mas... — E você não se machucou por minha causa antes? — Rebateu Emory. — Além disso, o
Depois de dois meses sem visitar a Residência do Lago, os pés de manga estavam todos carregados. Natália já tinha comentado antes que estava com vontade de comer mangas. Ela adorava ficar debaixo da mangueira, olhando para cima e contando os frutos um a um. Assim que chegaram, Natália começou a insistir que queria colher as mangas com as próprias mãos. Marta, como sempre, não conseguia negar nada para a menina. Imediatamente pediu que trouxessem uma escada e garantiu que alguém a acompanhasse enquanto subia. — Cuidado, Natália. — Disse Marta, franzindo a testa. — Não tenha pressa. Isso, pegue aquela mais de baixo. Embora fosse evidente o carinho que Marta tinha por Natália, sua preocupação também era genuína. Só depois que a menina desceu da escada com a manga em mãos, Marta finalmente suspirou de alívio. Natália, porém, nem esperou firmar os pés no chão. Correu em direção a Zara, segurando o fruto como um troféu. — Mamãe, é para você! — Disse ela, o rosto suado, mas com
Depois do episódio com Percival, Orson usou a justificativa de que Paula já estava "em uma idade avançada" para colocá-la em um asilo. Embora fosse o melhor asilo de Cidade N, o local tinha regras extremamente rígidas: visitas externas eram restritas e os internos não tinham permissão para sair. Se Paula estava vivendo seus últimos anos em paz ou não, quem poderia saber? Naquele momento, se não fosse pela aparição repentina daquele homem, Zara quase teria se esquecido de que ainda existia alguém como Paula na família Harris. — Dona Marta, o médico já realizou o diagnóstico de Dona Paula hoje. — Disse o homem, em um tom respeitoso. — Ela... Não tem muito tempo de vida. Dona Paula não se preocupa mais com questões materiais. Seu único desejo agora é ver o neto. — Percival? — Marta respondeu com indiferença. — Ele está no exterior. Duvido que consiga voltar a tempo. — Se o Sr. Orson concordar, acredito que Percival ainda poderia encontrar um tempo para vê-la. Por isso, gostari
Era a primeira vez que Zara visitava o asilo onde Paula estava internada. E, ao que tudo indicava, seria também a última. Natália também nunca tinha estado em um lugar como aquele. Seus olhos curiosos observavam tudo ao redor. De repente, ela virou a cabeça para Zara e perguntou: — Mamãe, por que ali onde estavam tomando sol só tem velhinhos? — Porque aqui é um asilo, meu amor. Só os idosos moram aqui. — E os filhos deles? — Devem estar trabalhando fora. — Mas eles não ficam com eles? Deve ser muito solitário. Quando Natália terminou de falar, o homem que as guiava à frente virou a cabeça e as olhou rapidamente. Zara não respondeu nada. Apenas apertou com mais força a mão da filha. Naquele dia, Marta também tinha ido com elas, mas não quis entrar para ver Paula. Ela sabia que não era a pessoa que Paula desejava ver em seus últimos momentos. Por isso, optou por esperar do lado de fora do quarto. — Sra. Zara, por favor, por aqui. — Disse o guia, mantendo o tom sempre
Zara apertou os lábios, mas acabou pegando os documentos. — Obrigada. Depois de falar, ela olhou para Natália. A menina, rápida em reagir, murmurou: — Obrigada, bisa. Paula não respondeu. Apenas se recostou na cama, mantendo os olhos fixos em Natália. Zara não tinha mais nada a dizer para Paula. Entre elas, não havia assuntos pendentes, e Natália, ainda um pouco assustada, não parecia à vontade perto da idosa. Por isso, elas não ficaram muito tempo no quarto. Quando Paula finalmente caiu no sono, Zara segurou a mão de Natália e saiu do quarto. Ela pensou que Marta ainda estaria esperando do lado de fora, mas, para sua surpresa, quem estava lá era Orson. Ao vê-lo, Zara imediatamente franziu as sobrancelhas. Orson, no entanto, parecia calmo. Seus olhos pousaram por um momento no arquivo que Zara segurava nas mãos. Zara hesitou por um instante antes de estender os documentos para ele. — As ações que Paula deu. Não têm utilidade para mim. É melhor que você as fique.
Orson, no fim, acabou discando aquele número. Era a primeira vez em mais de dois anos que ele tentava entrar em contato com Percival. Mas, para sua surpresa, quem atendeu ao telefone não foi Percival. — Você é parente dele? Algum familiar? A pergunta do outro lado da linha fez Orson franzir o cenho. Ele imediatamente percebeu que havia algo errado. — O que aconteceu com Percival? — Ele sofreu um acidente de carro. O ferimento infecionou. — Explicou a pessoa. — Se você for parente, é melhor vir buscá-lo e transferi-lo para outro lugar. O país para onde Percival havia ido tinha condições de saúde e infraestrutura médica extremamente precárias. Todos os anos, incontáveis pessoas morriam de malária e outras doenças. Para os locais, a situação já era crítica. Para alguém como Percival, sozinho em um lugar desconhecido e sem qualquer apoio, parecia impossível conseguir acesso a qualquer tratamento de qualidade. Orson, no início, pensou em deixá-lo ali, abandonado à própria sort
O calor dentro do quarto só terminou de vez duas horas depois. O som da água vindo do chuveiro preenchia o ambiente, enquanto Zara Garcia, após alguns minutos de descanso, finalmente se levantava da cama. Suas pernas ainda tremiam, e ela se abaixou para pegar as roupas espalhadas pelo chão. As ações dele naquela noite tinham sido um pouco mais intensas do que o habitual, a ponto de sua mente ainda parecer vazia. Tentou abotoar o pijama várias vezes, mas seus dedos trêmulos falhavam repetidamente. Logo, o homem saiu do banheiro. Sua figura era alta e imponente, os traços do rosto fortes sem perder a beleza. Envolto apenas por uma toalha amarrada na cintura, gotículas de água deslizavam lentamente por seus músculos definidos, escorrendo pelo abdômen até desaparecerem. Ao notar que Zara ainda estava ali, ele franziu levemente as sobrancelhas. Zara, por sua vez, evitou olhá-lo diretamente. Mantendo o olhar fixo no botão do pijama, continuou travando sua pequena batalha silenciosa