— Aquele cara de agora era amigo do Orson, não era? — Perguntou Emory depois que Erwin foi embora. Zara continuava concentrada no castelo de areia que estava construindo. Ela respondeu com um som baixo: — Era. — Então, o Lyon que ele mencionou também é o Orson? — Deve ser. — Respondeu Zara, sem levantar a cabeça. Emory ficou em silêncio por alguns instantes. Foi só então que Zara percebeu o clima estranho e levantou os olhos para ele. — Eu não sei por que ele está aqui. — Explicou ela, com um tom quase defensivo. A explicação dela soava frágil, mas Emory, depois de encará-la por alguns segundos, esboçou um sorriso e acenou com a cabeça. — Eu acredito em você. O sorriso dele parecia um tanto enigmático para Zara, mas ela escolheu não prolongar o assunto. Apenas abaixou os olhos novamente. — Que tal jantarmos frutos do mar esta noite? Vi que tem um restaurante bom aqui perto. — Sugeriu Emory. Zara concordou com um aceno de cabeça. — Pode ser. Talvez pela presenç
Ele pensava que, enquanto ela estivesse por perto, isso bastava. Por isso, Emory logo sorriu e disse: — Não tem problema. Na verdade, estar com vocês já me deixa muito feliz, de verdade. Zara arqueou levemente as sobrancelhas, mas não respondeu. — E você não precisa se forçar a nada. — Continuou Emory. — Podemos ir com calma. Podemos ser só amigos, não tem problema algum. Zara o encarou por alguns instantes antes de, finalmente, acenar com a cabeça em concordância. Emory não conseguiu evitar e, num gesto espontâneo, passou a mão pelos cabelos dela. Depois, sorrindo, disse: — Então, vou para o meu quarto agora. — Certo. Descanse cedo. — Respondeu Zara, também sorrindo, antes de fechar a porta do quarto. Emory deu alguns passos pelo corredor, mas, de repente, teve uma estranha sensação. Ele parou, franziu os olhos e lentamente virou a cabeça. Na outra extremidade do corredor, uma porta estava aberta. Orson estava parado ali, sem expressão, observando-o. Havia um cigar
Foi só então que Zara se lembrou e perguntou: — Que assunto é esse? — É que... Você pode vir comigo por um minuto? — Respondeu a mulher, com as bochechas levemente vermelhas, como se estivesse constrangida. Zara parecia já suspeitar de algo e perguntou: — Você precisa que eu vá comprar um absorvente para você? Ou chame algum funcionário para ajudar? — Não, não, não precisa. — Disse a mulher, balançando a cabeça rapidamente. — Não é isso que você está pensando. Mas... Por favor, só venha comigo? Preciso muito da sua ajuda. Enquanto falava, a mulher estendeu a mão e puxou Zara pelo braço. A princípio, Zara pensou em se soltar, mas o olhar quase desesperado de quem parecia estar prestes a chorar a fez hesitar. Além disso, Zara imaginou que a mulher talvez não conhecesse mais ninguém por ali. No final, ela decidiu seguir atrás dela. — Para onde você está me levando? — Perguntou Zara, finalmente percebendo algo estranho quando se aproximavam do hotel. — Só quero que você v
— E você… — Zara mal havia começado a falar quando Erwin soltou uma risada curta. Então, ele deu dois passos para trás e, de repente, fechou a porta com força. O movimento foi tão rápido que Zara não teve tempo de reagir. Quando ela se deu conta, a porta já estava trancada por Erwin do lado de fora. Zara mudou completamente a expressão. Ela agarrou a maçaneta e tentou abri-la com força. — O que você está fazendo? Abra essa porta agora! — O remédio para febre está aí dentro. — Respondeu Erwin com calma do lado de fora. — O médico já veio e disse que, assim que ele tomar o remédio, vai melhorar. O resto… Você resolve. Depois de dizer isso, Erwin ficou em silêncio. Zara ficou paralisada por um momento, antes de começar a bater na porta com força. — Abra essa porta agora! Seu louco! Ele está doente! O que isso tem a ver comigo? A voz de Zara soava afiada, cheia de raiva. Mas, do outro lado, nenhum som veio em resposta. Ela desistiu de gritar e voltou para dentro do quarto
Zara não quis dar qualquer explicação. Ela simplesmente estendeu o remédio e o copo de água para Orson. — Toma. Seu rosto estava sombrio, e sua voz soava fria e ríspida. Orson ficou alguns segundos olhando para ela, mas, no fim, pegou o remédio e a água como um cão obediente. A água no copo havia sido servida às pressas. Zara sabia que estava fria só de tocar na lateral do copo. Orson também percebeu, mas não disse nada. Ele tomou o remédio com aquela água gelada sem reclamar. — Deita e dorme. — Ordenou Zara, sem paciência. Orson, no entanto, continuou olhando para ela. — Você vai embora? Zara não sabia se ele estava delirando ou consciente, mas, ao ouvir a pergunta, ela riu, um tanto irônica. — Seu grande amigo trancou a porta e confiscou meu celular. Como você acha que eu vou embora? Pulando pela janela? Ela disparou as palavras com sarcasmo, enquanto Orson, sentado na cama, franzia a testa, tentando entender o que ela dizia. Ele parecia estar processando a info
Orson não sabia quanto tempo havia dormido. Sua cabeça estava pesada, mergulhada em um estado constante de torpor. Às vezes, ele sentia como se estivesse caminhando em uma geleira, cercado por um frio cortante. Outras vezes, a sensação era oposta: ele parecia estar vagando por um deserto, com um calor sufocante que o fazia arder por inteiro. No meio desses devaneios, ele teve a impressão de ver Zara. Ela estava de pé, com o cenho franzido, olhando para ele. Seu olhar carregava uma expressão de impaciência e irritação. Instintivamente, Orson tentou estender a mão para alcançá-la, mas, assim que ele se mexeu, Zara recuou. A aversão em seus olhos era tão clara que ele não teve outra escolha a não ser recolher a mão devagar. Ele não sabia exatamente quanto tempo havia passado até que, finalmente, abriu os olhos. O quarto estava escuro, e a noite já havia caído. Ainda deitado, ele percebeu que sua testa estava úmida. O adesivo, que antes estava gelado, agora tinha a mesma temperatur
O quarto estava mergulhado em um silêncio sufocante. Zara não tinha mais nada a dizer a Orson. Ela simplesmente permanecia sentada no sofá, com os olhos fixos na porta, como se estivesse pronta para sair correndo assim que ela se abrisse. Orson, por outro lado, sentia uma vontade imensa de tomar banho. O suor ainda grudava em sua pele, fruto da febre alta que tivera. Mas ele hesitava. Tinha medo de que, se deixasse o quarto, Zara desaparecesse. Embora a porta estivesse trancada e, se ela pudesse sair, já teria ido embora há muito tempo, ele não queria correr o risco. Ainda exausto pela febre e pela falta de descanso, ele se recusava a dormir. Ficava apenas sentado na cama, observando-a em silêncio. — Você vai se casar com o Emory? — Perguntou Orson de repente. A pergunta quebrou o silêncio de forma abrupta, ecoando pelo ambiente. Ele sabia que Zara tinha ouvido, mas ela não reagiu imediatamente. Apenas parou por um instante e, sem sequer virar a cabeça, recusou-se a res
O barulho ensurdecedor finalmente chamou a atenção de outras pessoas, e a porta que havia mantido Zara presa por um dia inteiro foi enfim aberta. Foi só nesse momento que Zara percebeu que Orson já sabia como sair do quarto há algum tempo, mas simplesmente não tinha feito nada antes. As sobrancelhas de Zara se franziram imediatamente. Ela olhou para ele, mas Orson já estava colocando o casaco. Ele não disse nada, nem sequer a olhou. Assim que terminou de vestir o casaco, saiu do quarto sem olhar para trás. Erwin, que tinha ouvido o barulho, estava parado na porta, observando a cena com curiosidade. Quando seus olhos encontraram os de Zara, ele ainda teve o descaramento de sorrir e cumprimentá-la com um tom brincalhão. Zara ignorou completamente Erwin e virou-se para o outro lado, caminhando na direção oposta. Erwin arqueou as sobrancelhas, claramente intrigado, mas logo apressou o passo para alcançar Orson. — Como assim? Vocês dois não fizeram nada? Isso é inaceitável! Eu c