A luz da tarde entrava suave pelas grandes janelas do 15º andar, criando reflexos dourados sobre os vidros e móveis da sala de Rafael. O dia estava menos turbulento que o habitual — ao menos na superfície. Mas para Isabela Duarte, que fora chamada mais uma vez ao espaço executivo, o coração batia como se carregasse uma missão.

— Pode entrar, Isabela — disse Rafael, erguendo o olhar de alguns papéis.

Ela entrou com cautela, como sempre fazia, mas agora havia um resquício de familiaridade no modo como os dois se olhavam. Um reconhecimento silencioso das trocas anteriores, dos trabalhos compartilhados, das ideias que haviam brotado entre números e gráficos.

— Feche a porta, por favor — pediu ele, com um tom mais pessoal.

Ela o fez, e ele indicou a cadeira à frente da mesa, onde descansavam dois copos com água.

— Queria conversar com você sobre um tema um pouco diferente hoje. — Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos. — Feedback.

Isabela inclinou ligeiramente a cabeç