133. Cumplicidade renovada
A volta do retiro foi silenciosa. Mas não havia tensão entre eles — apenas um tipo raro de silêncio confortável, aquele que existe entre duas pessoas que já disseram tudo o que importava.
No banco traseiro do carro executivo, Isabela observava a paisagem urbana engolir os campos verdes que haviam cercado o chalé durante os últimos dias. As torres da cidade surgiam como promessas e ameaças ao mesmo tempo, lembrando-os de que o cotidiano os esperava com todos os seus ruídos.
Rafael, ao lado dela, não usava o celular. Estava apenas ali. Presente. O olhar ora perdido, ora pousado em Isabela, como se ainda estivesse elaborando o que havia dito — e recebido — na tarde anterior.
— Estranho, não é? — ela comentou baixinho.
— O quê?
— Como a gente pode estar com alguém há meses e só conhecê-lo de verdade quando ele decide tirar a armadura.
Ele sorriu, quase com timidez.
— Você foi a primeira pessoa em muito tempo com quem senti que eu podia tirar a armadura.
Ela abaixou os olhos por um