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Capítulo 7 – Entre Dois Mundos

Dias depois...

Os primeiros dias foram intensos. A adaptação, a escola nova, as pessoas diferentes. Ana se encantava com cada detalhe. Já eu, me afundava em trabalho e na tentativa de manter nossa rotina estável. Todas as noites, o celular tocava em videochamada, e Isabela aparecia na tela.

— Ana, meu amor! Como foi seu dia? — perguntava, com o rosto cansado, mas cheio de ternura.

Ana respondia animada, contando cada detalhe, mas Isabela logo notava que eu permanecia em silêncio ao fundo.

— Pedro, está tudo bem por aí? — arriscava.

Eu assentia, sem dar margem.

— Está tudo sob controle.

Nossas conversas se resumiam a isso. A distância não nos aproximava, como eu talvez tivesse esperado. Ao contrário, parecia cavar ainda mais o abismo entre nós.


Foi em meio a esse cenário que Sofia surgiu de forma inesperada. Eu a encontrei num seminário de tecnologia, seu riso alto se destacando entre as vozes sérias da plateia. Era impossível ignorá-la.

— Pedro? — ela exclamou, surpresa, ao me ver. — Não acredito que é você aqui!

Sorri de volta, desconcertado.

— Sofia… o mundo é pequeno demais, pelo visto.

Ela me abraçou sem reservas, exalando uma energia vibrante que contrastava com o peso que eu carregava.

— Terminei recentemente o meu doutorado e pretendo me increver a uma vaga na CIAPLUS em nosso pasis de origem. Eles têm uma linguagem de programação inovadora, e eu não posso perder a chance de aprender com eles e com o presidente Luiz que foi quem criou ess linguagem.

A naturalidade dela me desconcertava. Era a meia-irmã de Isabela, e ainda assim parecia tão distante daquela sombra tímida e retraída que eu conhecia.

— Que coincidência, não? — comentei.

— Coincidência nada, destino — retrucou, piscando.

Rimos juntos, mas um incômodo me percorreu por dentro. Eu sabia que aquele reencontro mudaria as peças do jogo. Isabela não era nem de perto proxima a Sofia, já que seu pai abandonou sua mãe e a ela pela mãe de Sofia. E eu sabia que ão era pudente a aproximação, mas não pude conter.


Ana adorou Sofia desde o primeiro instante. No parque, enquanto corriam juntas, o riso da minha filha se misturava ao da tia como se fossem cúmplices de longa data.

— Papai, a tia Sofia corre mais rápido que você! — Ana gritava, rindo.

Fingi indignação.

— Ah, é? Então amanhã vamos ver quem vence de verdade.

Sofia se aproximou, ainda ofegante, mas com o sorriso aberto.

— Ela é incrível, Pedro. Tem sua energia, mas também a sensibilidade da Isabela, por mais que eu não goste de admitir.

Mencionar o nome de Isabela trouxe uma sombra. Sofia percebeu e baixou o tom.

— Eu sei que vocês estão nesse casamento… complicado. Não precisa me explicar nada. Eu vejo nos seus olhos.

Franzi o cenho.

— Sofia…

Ela ergueu a mão, interrompendo.

— Não se preocupe. Eu não vim aqui para complicar ainda mais as coisas. Mas se um dia você estiver pronto, eu estarei.

Suas palavras ficaram ecoando na minha mente.


As chamadas de Isabela continuavam, sempre no mesmo ritmo. Ana corria para contar suas novidades, mas percebia-se a saudade escorrendo nas entrelinhas.

— Mamãe, hoje eu e a tia Sofia fizemos pulseirinhas iguais! Olha só! — Ana mostrava, orgulhosa.

O sorriso de Isabela vacilava por um instante.

— Que bonito, filha. Fico feliz que esteja se divertindo.

Depois, quando Ana saía do enquadramento, ela me encarava através da tela.

— Pedro… você  deixou ana perto de Sofia?

Suspirei, cansado.

— Estamos em países diferentes, Isabela. É natural., ainda mais que Sofia atualemente mora aqui e faz tão bem para Ana.

Ela fechava os olhos por um momento, como se quisesse dizer algo mais, mas desistia.

— Cuida da nossa filha. Só isso que eu peço.

A tela se apagava, deixando-me com o coração em guerra.


Numa noite, após colocar Ana para dormir, fiquei na varanda com Sofia. O vento frio batia em nossos rostos, e as luzes da cidade brilhavam como promessas inalcançáveis.

— Sabe o que eu mais admiro em você, Pedro? — Sofia perguntou, olhando para frente.

— O quê?

— O jeito como ama sua filha. É raro ver um homem que se entrega tanto assim.

Sorri de canto.

— Ana é meu mundo. Sem ela, eu já teria me perdido há muito tempo.

Sofia virou-se para mim, séria.

— Então não se perca agora. Você merece leveza.

Nossos olhares se encontraram, e por um segundo esqueci o peso do que aquilo significava. Eu era marido da irmã dela. Mas também era um homem dividido entre dois mundos: o da obrigação e o da possibilidade.

Nos dias seguintes, meu tempo livre se preenchia cada vez mais com Sofia e Ana. Passeios, risadas, pequenas descobertas. Era como se tivéssemos criado nossa própria bolha.

Até que uma noite, enquanto jantávamos, Ana me surpreendeu com uma pergunta inocente:

— Papai, por que a mamãe não vem morar aqui com a gente?

O garfo parou a meio caminho da minha boca. Sofia desviou o olhar. Respirei fundo antes de responder.

— Porque… às vezes, as pessoas precisam ficar em lugares diferentes, princesa.

Ana franziu a testa, confusa.

— Mas a mamãe chora quando fala comigo. Eu sinto.

Meu coração apertou. Estendi a mão e segurei a dela.

— Ela te ama muito. E eu também. Nunca esqueça disso.

Sofia colocou a mão sobre a minha, num gesto de apoio silencioso.


Naquela noite, depois que Ana dormiu, recebi uma ligação de Isabela. Atendi, já preparado para a tensão habitual.

— Pedro, eu sei que você está se aproximando da Sofia. — Sua voz era firme, sem rodeios.

Engoli em seco.

— Isabela, não começa.

— Não sou cega. Sei quem ela é, sei como ela é. Só quero que saiba que, apesar de tudo, eu ainda sou sua esposa.

Fiquei em silêncio.

— Não vou implorar, Pedro. Só queria que você lembrasse disso. — E desligou.

A tela escura refletia meu rosto cansado, dividido. Eu realmente estava entre dois mundos, e qualquer escolha parecia uma traição.

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