O dia seguinte amanheceu cinzento, como se o céu refletisse o peso do que estava prestes a acontecer. Pedro chegou ao cartório às 07h55, estacionou o carro e ficou alguns minutos dentro dele, em silêncio. O celular mostrava a última mensagem de Isabela: “Amanhã você pode ir ao cartório? Meus documentos já estão prontos.”
Ele releu pela décima vez. Não havia saudade, não havia hesitação. Apenas objetividade. Isabela havia desistido do amor que, desde a juventude, ela alimentou por ele — e que ele nunca soube regar. Pedro sentia isso como uma ferida aberta. Sabia que os próximos trinta dias seriam decisivos, mas também sabia que não podia forçar nada. Se houvesse alguma chance, ela viria da admiração silenciosa, da presença discreta, da mudança real.
Às 08h00 em ponto, Isabela chegou. Vestia uma blusa de seda azul e calça preta, os cabelos presos com elegância. Cumprimentou Pedro com um aceno breve e entrou no cartório sem dizer uma palavra. Ele a seguiu, respeitando o silêncio.
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