A casa estava mergulhada em silêncio. Ana dormia profundamente, abraçada ao ursinho que Isabela lhe dera quando ainda moravam juntos. Depois de contar uma história sobre estrelas que se apaixonavam por planetas distantes, Isabela a beijou na testa e saiu do quarto com passos leves.
Na penumbra do corredor, ela hesitou diante da porta da suíte que um dia fora seu refúgio, seu lar. Empurrou a porta devagar, como quem invade um território sagrado. O quarto estava vazio. A cama impecável, sem sinais de uso. Nenhum som vindo do banheiro. Nenhuma luz acesa.
Isabela suspirou. “Ele deve ter ido para Sofia,” pensou, com um nó no peito. A ideia de Pedro nos braços da irmã era como uma lâmina fria atravessando sua alma. Mas ela não chorou. Apenas caminhou até o closet, pegou um dos pijamas que ainda guardava ali — um de algodão azul claro, com pequenos bordados nas mangas — e se deitou na cama que um dia foi sua.
O colchão ainda guardava o cheiro dele. O travesseiro, a memória de noites em que