O telefone tocou no meio da tarde, e Isabela atendeu sem esperar muito. Do outro lado, a voz doce e serena de Ana a surpreendeu.
— Mamãe? A senhora não vem pra casa hoje? Eu já estou em casa há quase uma semana e não te vi. A bisa está bem?
Isabela sentiu o coração apertar. A voz da filha era como um bálsamo, mas também uma lembrança dolorosa do que havia deixado para trás.
— A mamãe não sabia que você tinha retornado com seu pai, filha. Vocês voltaram de vez?
— Voltamos sim — respondeu Ana, com a inocência de quem não compreendia os abismos entre os adultos. — Mamãe? Estou com saudade da sua comida. Amanhã você pode cozinhar pra mim?
Isabela fechou os olhos por um instante. Por mais ferida que estivesse, por mais que Pedro tivesse a deixado sozinha naquele aniversário, Ana era sua filha. Seu amor por ela era incondicional.
— Amanhã mamãe vai pra casa cozinhar pra você, meu amor.
Do outro lado da linha, Ana vibrou. — Oba! Vou pedir a comida que eu mais gosto!
Isabela sorriu. Ela já sa