LARA
O cheiro de metal, o vapor, as vozes calmas da equipe médica contrastavam com o caos que Lucas e eu carregávamos. Ele estava ao meu lado, pálido, a mão encharcada de suor apertando a minha. A arrogância dele estava destroçada.
Eu não precisava de perdão dele; precisava de força.
— Mais uma, Lara! Força! — a Dra. Lúcia incentivava.
Eu empurrava, sentindo a dor rasgar meu corpo, mas focando em um único pensamento: Maya. Eu estava expelindo toda a dor, todas as mentiras, todo o passado. A vida que estava chegando era a prova final e a nossa redenção.
Lucas estava ali, um espectador aterrorizado e forçado. Ele repetia frases sem sentido, mas a única coisa que importava era que ele não fugia.
— Eu vi as mensagens. Eu vi tudo. Me perdoa por ter te chamado daquilo — ele sussurrou, a voz embargada pela culpa.
— Não é o momento, Lucas! — Eu ofeguei, sentindo a cabeça dela coroar. — Pense na Maya!
E então, o final. Um último grito, uma explosão de energia.
O choro.
Não era um choro fraco;