A sala de parto estava saturada de sangue, suor e mentiras desmoronadas. O choro fraco do recém-nascido, prematuro e vulnerável, não era o som de uma nova vida para Lucas; era o grito de sua liberdade.
Ele empurrou Marcos contra a parede, mas a raiva o paralisou. Ele não precisava de violência; a prova estava ali, nos olhos apavorados dos dois.
— Ele é o pai? — A voz de Lucas era um sussurro rouco, mas carregado de uma fúria controlada.
Marcos evitou o olhar, mas Luiza, exausta na maca, finalmente quebrou.
— Sim! — ela gritou, não de arrependimento, mas de derrota final. — Sim, o Marcos é o pai! Eu te odeio, Lucas! Eu odeio você por ter me feito virar isso!
A confissão, misturada ao cheiro de hospital, era a purificação mais dolorosa que Lucas poderia ter. Ele deu um passo para trás de Marcos, sentindo-se estranhamente leve. Ele não era mais pai daquele bebê. Ele era livre.
O médico gritou para que todos saíssem. Lucas foi o único que se moveu por vontade própria. Ele parou na porta,