Os primeiros dois meses de Maya foram o purgatório e o paraíso. O purgatório foi a exaustão do puerpério; o paraíso foi ter a minha filha em meus braços, em Laguna, sob o sol e o apoio incondicional de Emma e Mia.
Lucas não voltou para a cidade. Ele alugou uma casa próxima à nossa e começou a vida como pai, trocando ternos por camisas casuais e reuniões de diretoria por trocas de fraldas. Eu mantive uma distância cautelosa, mas o Lucas que eu via agora era irreconhecível. Ele era um homem humilde, focado apenas em Maya.
A reaproximação não foi romântica, foi prática. Ele vinha todos os dias, mas pedia permissão para tudo. Eu o deixava cuidar de Maya por longas horas, e ele o fazia com uma devoção dolorosa, como se tentasse pagar a dívida de quatro meses de mentiras em cada toque.
Nossa comunicação era sobre Maya: "Você viu a manchinha dela?", "Ela arrotou?", "O que a Dra. Lúcia disse?". As conversas íntimas estavam proibidas. Ele tentou pedir perdão incontáveis vezes, mas eu o cortava