Isadora Nogueira
Havia um frio leve no ar quando saí de casa, o tipo de brisa que faz as pessoas apressarem o passo, mas que para mim era apenas mais um detalhe no cenário. Eu não tinha pressa. Cada movimento meu era calculado, e aquela noite precisava ser impecável.
O endereço que ele tinha me enviado ficava num beco afastado, quase escondido atrás de prédios antigos. O cheiro de ferrugem e gasolina se misturava ao de cigarros baratos, impregnando o ambiente. Ele estava lá, sentado numa cadeira de madeira gasta, o corpo relaxado, mas os olhos atentos. Um homem que conhecia bem o valor da sua própria periculosidade.
— Finalmente. — disse ele, quando me viu entrar. A voz grave, um tom de deboche. — Pensei que tinha desistido.
Fechei a porta atrás de mim e me aproximei, sem pressa.
— Não costumo desistir das coisas que quero.
Ele arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Então… o que quer de mim?
Sentei-me de frente para ele, cruzando as pernas com a calma de quem está prestes a abrir um jo