Capítulo 146
Quando o plano escorre entre os dedos
Ponto de vista: Celeste
O hospital era moderno, discreto, e tinha um histórico de sigilo valioso. Era por isso que Celeste havia escolhido aquela clínica. Fora ali que ela plantara sua semente — não no ventre, mas no contrato.
Nádia Sousa. Jovem. Corpo saudável. Sem família próxima. Era perfeita. Receberia o embrião, desapareceria antes do parto e entregaria a criança. Ela faria o que Celeste não podia fazer com o próprio corpo.
[Flashback – Dois meses antes]
— Você só precisa seguir as instruções. — Celeste dizia, deslizando um maço de notas sobre a mesa. — Tudo já está acertado com o laboratório. Você será aprovada na triagem. Vai entrar como receptora e sair grávida.
Nádia hesitou, mas o envelope falou mais alto.
— E... depois do parto?
— Some. Vai para o endereço que vou te dar. Lá, me entrega o bebê. E sua nova vida começa.
[Quatro semanas depois – presente]
— Eu não estou grávida. — disse Nádia, com a voz trêmula, sentada à fre