Anna
O som da explosão ecoou como um trovão preso debaixo da pele. Um estalo abafado que fez o mundo parar por um instante. Meu corpo já latejava de dor, mas não eram apenas as contrações. Era o aviso. A guerra tinha batido à porta, e eu estava presa entre o fim e o recomeço. Entre a vida, a morte e o nascimento.
Enzo entrou na sala em um salto, seguido por Dante. Suas expressões estavam cravadas em aço.
— Atacaram o estacionamento — havia informou um dos seguranças, a voz seca.
Dante segurou minha mão. Enzo apertou meu rosto entre as mãos. E por um instante, mesmo com a guerra gritando lá fora, havia amor ali.
— Voltem vivos. Não me façam parir sozinha. — sussurrei, lutando contra o choro.
Eles assentiram. E então saíram.
((Enzo))
O ar do túnel era sufocante. A fumaça da explosão no estacionamento ainda flutuava como um véu sujo sobre a entrada do hospital. Mas eu via claro. Cada passo, cada sombra. Eu estava em alerta total. Não por mim. Mas por ela. Por nossa filha.
— Dois, talvez