A dor veio no meio da madrugada, como um trovão sem relâmpago. Um corte invisível que dividiu o tempo em antes e depois.
Sentei na cama ofegante. O quarto estava escuro, mas o mundo parecia mais claro do que nunca. Meu corpo não gritava ele anunciava. Vitória estava vindo, minha filha iria nascer, no meio de uma guerra.
Enzo apareceu na porta em segundos, ainda com a arma na mão. Dante veio atrás, os olhos mais atentos do que sonolentos.
— Está começando — sussurrei, segurando o braço da poltrona com força.
Enzo correu até mim. Dante pegou a mochila da maternidade. Era como se estivéssemos ensaiando esse momento há meses e talvez estivéssemos mesmo. Mas nada, absolutamente nada, prepara uma mulher para o momento em que uma vida decide nascer.
Fomos em silêncio para o carro, mas o silêncio entre nós gritava, medo, amor, urgência, proteção. Os pneus cantaram na saída da mansão e o mundo lá fora parecia esperar por nós em suspense.
No banco de trás, com a mão sobre o ventre, senti o movi