Desci as escadas como se carregasse o peso de uma vida inteira nos ombros. O bilhete ainda tremia entre meus dedos. Meu coração batia em descompasso, como se quisesse me impedir de dar cada novo passo. Mas era tarde. Eu precisava ouvir da boca dele. Precisava que Vittorio olhasse nos meus olhos e dissesse que aquilo era verdade.
Encontrei-o no escritório. A porta entreaberta deixava vazar o som de páginas sendo viradas, uma taça de vinho meio cheia ao lado de papéis antigos.
Ele levantou o olhar quando me viu, mas não esboçou surpresa. Apenas tirou os óculos de leitura, colocando-os sobre a mesa com calma.
— Anna... — disse ele, num tom cauteloso, quase resignado.
Fechei a porta atrás de mim.
— Estava tudo no colar, não é? — falei, a voz embargada, segurando o papel como uma arma frágil.
— Por que você nunca me contou tudo? — dei um passo à frente, sentindo a raiva e a dor se misturarem.
— Porque achei que estava te protegendo — respondeu ele, firme, mas com os olhos marejados.
— E ta