O amanhecer trouxe uma luz difusa pela janela, riscando o quarto em tons dourados e alaranjados. Eu observava Enzo dormindo ao meu lado, os traços serenos, a respiração profunda, como se finalmente tivesse se permitido repousar após carregar o mundo nos ombros. Me perguntei há quanto tempo ele não dormia assim. Desde que cheguei àquela casa, tudo parecia girar ao redor de segredos, guerras silenciosas e uma tensão que não dava trégua. Mas ali, por algumas horas, tudo estava em pausa.

Levantei devagar, enrolei o lençol em torno do corpo e caminhei até a varanda. O jardim abaixo exalava o perfume dos jasmins que começavam a abrir sob o toque do sol. Fechei os olhos por um instante, tentando absorver a paz do momento, mesmo que soubesse que ela não duraria.

Eu ainda carregava Dante em meus pensamentos.

Desde sua partida, um vazio havia se instalado entre as paredes da mansão. Um silêncio mais pesado do que qualquer grito. E, mesmo com tudo o que aconteceu ent