O Peso do Nome
O fim da tarde tingia Vale das Rosas com tons dourados e ferrugem. O sol escorria pelas janelas do casarão como se quisesse tocar a história exposta nas páginas abertas sobre a mesa.
Ana estava sentada em silêncio, fitando o brasão da Fraternitas gravado na última pasta que havia trazido da estação ferroviária.
Seus dedos deslizaram sobre o papel como se tentassem absorver a verdade não dita.
A mente dela não descansava. Em meio à dor, uma certeza ganhava forma:
Havia alguém que precisava ouvir aquilo antes que qualquer denúncia fosse feita. Alguém que sempre se manteve distante, fria, irretocável:
A irmã de sua mãe, Viviane Vasconcellos.
A tia que jamais se casara, que sempre aparecia em festas de família como uma sombra elegante, cheia de frases prontas e olhares que fugiam da profundidade.
Mas agora Ana sabia.
Viviane também fazia parte da engrenagem.
Ligou para ela com um misto de desafio e nervosismo. A resposta veio no terceiro toque:
— Ana Luísa? Que surpre