O retorno à empresa não foi fácil. Depois do episódio do hospital, Isadora precisava lidar com a sensação de que todo mundo sabia, ainda que fosse apenas uma impressão criada pelo peso da culpa que carregava. Caminhar pelos corredores envidraçados da TechGlobal parecia atravessar um campo de julgamento silencioso. Cada olhar rápido, cada cochicho abafado parecia direcionado a ela, ainda que, racionalmente, soubesse que não havia motivo concreto para desconfianças.
Camila e Sofia, as amigas de apartamento, insistiram para que ela tirasse mais alguns dias de repouso, mas Isadora recusou. O trabalho era sua fortaleza, o único lugar em que ainda se sentia no controle. E abrir mão disso seria como admitir derrota.
Ao chegar, foi recebida com cumprimentos polidos. Nada fora do normal, mas a sensibilidade aguçada pela insegurança a fazia perceber nuances novas em cada gesto. Um colega comentou, em tom casual, que ela parecia mais pálida. Outro perguntou se estava tudo bem, olhando-a com u