A manhã começou com o peso de um segredo prestes a se espalhar. Ao atravessar os corredores da TechGlobal, Isadora percebeu olhares demorados, sussurros abafados que cessavam no instante em que ela se aproximava. Talvez fosse apenas paranoia, mas, com a sensibilidade à flor da pele, cada gesto parecia suspeito.
No elevador, dois colegas interromperam uma conversa apressada quando ela entrou. Não conseguiu ouvir palavras claras, apenas fragmentos como mudança, estranho e um riso contido. O coração dela disparou. A sensação de estar sendo observada e julgada a corroía.
Durante a reunião da tarde, o clima ficou ainda mais evidente. Enquanto apresentava um relatório técnico, percebeu olhares desviados, alguns cochichos discretos. Leonardo, sentado à cabeceira da mesa, não tirava os olhos dela, atento a cada nuance, como se pudesse protegê-la apenas com a intensidade do seu olhar.
Quando a reunião terminou, ele pediu para que todos saíssem. Apenas Isadora ficou. A porta fechada atrás deles