Narrado por Anya Petrova
Acordei antes dele. Talvez fosse o instinto de professora acostumada a madrugar, talvez fosse a preocupação que ainda me corroía desde a noite anterior. Ele dormia profundamente, respiração pesada, o braço enfaixado repousando sobre o lençol. Eu poderia ficar horas apenas olhando aquele rosto — menos sombrio quando relaxado, quase sereno, como se finalmente tivesse encontrado descanso.
Levantei devagar, sem fazer barulho, e chamei Irina na cozinha.
Anya: — Irina, pode preparar o café da manhã do Don? Quero levar pra ele no quarto.
A governanta me encarou como se eu tivesse acabado de anunciar uma rebelião.
Irina: — Senhora… ninguém nunca fez isso.
Sorri.
Anya: — Pois agora alguém vai fazer.
Poucos minutos depois, a bandeja estava pronta: café forte, pão fresco, ovos mexidos, frutas cortadas. Eu mesma ajeitei as flores no pequeno vaso, porque achei que a cor poderia suavizar o humor dele.
Entrei no quarto em silêncio, coloquei a bandeja sobre a mesinha ao lado