Narrado por Anya Petrova
O silêncio no escritório era pesado demais depois do que tinha acontecido. Ainda sentada no sofá, minhas pernas trêmulas, minha respiração fora de ritmo, me forcei a puxar a parte de cima do pijama e arrumar as alças que ele havia descido como se fossem meros enfeites. Meu rosto queimava de vergonha, mas também de algo que eu não queria nomear.
Dmitri estava ali, em pé, fechando a camisa com calma, como se não tivesse acabado de me despedaçar em suspiros. O olhar dele se prendeu em mim por um instante, carregado daquela superioridade insuportável que me fazia querer gritar.
Anya: — Isso não vai acontecer de novo.
Ele sorriu de canto, ajeitando os punhos da manga.
Dmitri: — A noite é longa, dorogaya.
Meu corpo se arrepiou, mas não respondi. Levantei, ajeitei o pijama e saí do escritório quase correndo. Subi as escadas sem olhar para trás, como se o próprio chão fosse engolir meus passos.
No quarto, fechei a porta, me joguei contra ela e respirei fundo.